Fotografias Organizadas, Memórias Preservadas

6. Em conversa com a Foto Arquivista

Ana Pratas Episode 6

Neste episódio recebo a Ana Marta - a Foto Arquivista - no podcast. Uma conversa descontraída em que falamos sobre o percurso da Ana Marta, o trabalho que ela faz na Foto Arquivista e no Arquivo e Biblioteca da Madeira.

Uma conversa sobre fotografias e a conexão com o passado (e futuro).

Mencionado no episódio:


Capítulos:
00:32 Sobre o episódio
01:45 Percurso
04:52 Arquivo e Biblioteca da Madeira
07:53 Encontrar a primeira fotografia do Trisavô
09:49 O que faz e como trabalha a FotoArquivista
16:45 Dicas para começar a organizar fotografias
26:20 Dicas para iniciar carreira como Organizador(a) de Fotografias





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Ana Pratas:

Viva! Seja bem-vinda ou bem-vindo ao Fotografias Organizadas Memórias Preservadas, o podcast que mergulha no mundo da organização e preservação de fotografias nesta era digital e tecnologicamente desafiante. O meu nome é Ana Pratas, sou fotógrafa de famílias, mãe e a criadora da Oficina das Fotografias. E neste podcast partilho consigo informação, dicas e ideias para lhe ajudar a transformar o caos das suas fotografias numa coleção organizada, segura e acessível. Ora, este é o primeiro episódio em que eu não estou sozinha. Neste podcast vai poder contar com várias conversas e entrevistas e para este primeiro episódio em modo de conversa trago então aqui a Ana Marta, da Fotoarquivista. A Ana Marta, tal como eu, com a Oficina das Fotografias, também ela disponibiliza serviços de organização de fotografias, que sejam digitais ou fotografias impressas. E para além disso, trabalha também no Arquivo e Biblioteca da Madeira, No Serviço de Conservação e Restauro. Nós conhecemos-nos através da Associação Internacional de Organizadores de Fotografias, a Associação da Photo Managers. Quando eu me tornei membro, em 2021, a Ana Marta já era membro. E a partir daí fomos sempre conversando, trocando ideias e colaborando. Por isso eu queria muito que fosse ela a primeiríssima convidada aqui no podcast e fiquei mesmo muito contente quando ela aceitou esse convite. E assim, e então sem mais demoras, aqui segue a nossa conversa onde vai poder conhecer a Ana Marta, o trabalho dela, quer no Arquivo e Biblioteca da Madeira, quer com a fotoarquivista. Olá Ana, bem-vinda aqui ao podcast fotografias organizadas, memórias preservadas. Obrigada por teres aceite então aqui o convite para seres a primeira entrevistada, que acho que fazia todo o sentido. Tu tens um projeto que é a Fotoarquivista, que também ofereces serviços de organização de fotografias a pessoas e a famílias, então se calhar começa aí um bocadinho por aí qual foi o teu percurso e como é que tu criaste a Fotoarquivista?

Ana Marta:

Olá Ana, também! E obrigada pelo convite, é com enorme prazer e acho que estás de parabéns de começar este podcast super importante, acho que realmente é uma boa forma de chegar às pessoas e sensibilizá-las para estas questões. Bom, o meu percurso começa aos 16 anos. Estudei Arqueologia num curso profissional, onde tive aulas de fotografia, depois percebi que gostava de Arqueologia, mas que não gostava muito de acartar baldes. E quando voltei para a Madeira depois do curso comecei a trabalhar em fotografia como assistente de um fotógrafo, do Miguel Perestrello, curiosamente a organizar o arquivo dele.

Ana Pratas:

fixe.

Ana Marta:

Isto já tem mais de 20 anos, já tem uns aninhos. E depois estive a estudar fotografia em Lisboa, mais tarde em Tomar. Passei pelo fotojornalismo, fiz um pouco de tudo dentro da fotografia. Mas tenho uma grande paixão pelo passado e por contar histórias e por ouvir histórias. E então acabei por, dentro da fotografia, voltar ao passado E começa um bocado... esta coisa da foto arquivista até começa um bocado pelas minhas próprias fotografias. Tenho a sorte de ter boas fotografias de família antigas. E depois a pesquisar na net e dei com a Photo managers e

Ana Pratas:

Também foi como eu, é um bocado assim também.

Ana Marta:

E percebi que dava para fazer disto profissão..... Tanto na organização digitalização, o restauro digital, que é o que nós fazemos, e também fazemos fotolivros e impressões. E neste momento estou a trabalhar no Arquivo e Biblioteca da Madeira, que também é assim uma grande honra,

Ana Pratas:

Isso por causa do teu percurso. Também de chegar ao fotoarquivista é um bocadinho parecido com o meu também. Com o percurso também na fotografia, mas também este gosto por organizar as fotografias da minha família, que por acaso depois me chegou, cheguei aos Photo Managers e percebi, isto pode ser algo que posso fazer para outras pessoas. Então pronto, a partir daí a ideia também nunca mais me saiu da cabeça e tentei trabalhar para isso e lançar a oficina das fotografias. É engraçado. Então tu também trabalhas no Arquivo e Biblioteca da Madeira, não é? No serviço de conservação e restauro, que também acho que é um trabalho muito interessante. Podes falar um pouco o que é que fazes lá o que é que vocês fazem, como é que funciona?

Ana Marta:

Bom, nós neste momento estamos, bem, o número nunca se sabe bem, mas andamos à volta dos 3 milhões de fotografias

Ana Pratas:

Bolas que espetáculo

Ana Marta:

Vários acervos. Eu penso que é o maior arquivo fotográfico que nós temos aqui em Portugal. E, bom, este arquivo tem sido digitalizado ao longo destes últimos anos, também temos o Museu de Fotografia que tem parte deste acervo. A ideia é digitalizar e disponibilizar ao público online. Claro que não dá para pôr os 4 milhões, nem do dia para o outro. Mas neste momento temos uma pessoa que está na digitalização e eu estou a processar as imagens, a editá-las e a fazer outras coisas. Mas essa é assim a minha...

Ana Pratas:

Ou seja, vocês recebem fotografias de pessoas que vos enviam ou fotografias que já lá estão no arquivo?

Ana Marta:

Temos vários fundos de fotógrafos aqui da Madeira, e depois temos alguns de fotógrafos amadores. Por exemplo, agora no início do ano, por coincidência, tivemos a digitalizar as fotografias do meu tio-avô. E descobri que muitas das fotografias que tenho em casa foram tiradas por ele mas só com esta coincidência que me apercebi quem é.

Ana Pratas:

E vocês estão, põem aí as fotografias online e acontece as pessoas, haver pessoas que identificam pessoas que vêm no site ou assim e que vos contactam ou não?

Ana Marta:

uma Há uma contribuição da parte do público, mas temos os arquivistas que fazem esse trabalho de datação e identificação e tentamos que haja uma descrição antes de pôr online.

Ana Pratas:

É fixe, muito bom.

Ana Marta:

Há outras camadas que nós não conseguimos e alguém se lembra ou identifica que é o avô ou etc

Ana Pratas:

É muito giro. Eu acho que essa parte de ver, das histórias, conseguimos descobrir quem são as pessoas, as histórias que estão por trás e também trabalhar com famílias diretamente é a parte da parte mais interessante. E também o que eu mais gosto, mesmo com as minhas próprias fotografias de família, ter fotografias com 100 anos e conseguir saber quem são aquelas pessoas é espetacular e por onde passaram e fazem parte de nós é

Ana Marta:

e ultimamente, bem, isto já tinha trabalhado temporariamente no arquivo e de repente, estás no computador a editar uma data de fotografias, às vezes já nem vês bem. É que são tantas. E de repente identifiquei o meu avô para aí com uns 20 anos. E isto a primeira vez. Desde, agora que... Comecei agora em setembro a trabalhar mais, bom, a trabalhar mais no arquivo, não é? E de repente vejo uma fotografia do meu trisavô e identifiquei pelo nome e não o conhecia, não tinha nenhuma imagem do meu trisavô e de repente, epá, está

Ana Pratas:

Descobriste primeira imagem da primeira fotografia do teu trisavô? aí.

Ana Marta:

É muito louco, não é? Porque é aquela coisa que o Barthes fala de nós estamos a ver uma imagem que ele também a viu e há esta conexão com

Ana Pratas:

É espetacular.

Ana Marta:

passado e com a própria morte, não é? E este fundo, este último fundo do meu tio-avô foi realmente interessante. Há fotografias que não conhecia e outras que Que tenho em casa e é emocional, não deixa de ser emocional, estou no trabalho mas estou todos os dias a ver o meu pai e o meu avô e a minha avó

Ana Pratas:

Sim

Ana Marta:

lado felizmente já acabou, já digitalizamos e já editamos essas mas de vez em quando vêm assim as lágrimas aos olhos.

Ana Pratas:

Claro, claro, acredito. E falando então sobre o projeto, sobre a foto arquivista, que é que fazes, na verdade? O que é que serviços ofereces? O que é que as pessoas podem contratar, fazer o quê?

Ana Marta:

Bom, como tu sabes, a Photo Managers, que no fundo foi onde nós nos conhecemos também, é uma associação americana. Na altura que entrei conheci a Renata no Brasil e...

Ana Pratas:

é uma Photo Manager brasileira.

Ana Marta:

Depois tem outra senhora também em Brasília e fomos as três e contigo quatro a tratar destes assuntos em português.

Ana Pratas:

Sim, sim, exatamente

Ana Marta:

Tenho lá na foto arquivista uma equipa que vai desde o Brasil à Ucrânia, passando aí pelo continente e na aqui na Madeira

Ana Pratas:

Vamos colaborando quando dá, também.

Ana Marta:

Então fazemos organização de fotografias digitais e fotografias impressas, digitalização, edição de imagem e restauro digital, que é a Tatiana lá na Ucrânia que faz os trabalhos do Photoshop, eu faço até certo ponto, Tatiana faz...

Ana Pratas:

Eu acho que é um trabalho também muito não sei se, não sei se é pouco valorizado ainda, não sei porque é um trabalho bastante difícil, acho eu

Ana Marta:

Sim, é difícil e...

Ana Pratas:

Trabalhoso, não é?

Ana Marta:

É trabalhoso e também notei, antes de encontrar a Tatiana, há muita gente que faz, ou que finge fazer coisas internet, nesse sentido, mas não tem a técnica que a Tatiana tem, ela também vem do desenho. E temos o restauro, temos a conversão de filmes também,

Ana Pratas:

Pois, também é fixe

Ana Marta:

Sim, e os fotolivros, que acredito que apresentamos também um produto diferente, a maior parte da oferta de livros e álbuns são aqueles álbuns digitais.

Ana Pratas:

sim, sim. Mais comuns. Tu uma vertente estética diferente e até de material, não é?

Ana Marta:

É mais ligado aos fotolivros, aos livros de autor, os formatos e as impressões e isso faço em Paris, com amor.

Ana Pratas:

E

Ana Marta:

A ideia é que a pessoa que tem que organizar as fotografias e que quer partilhar com o resto da família, que nos procure e não precisa procurar mais nenhum profissional, que nós temos tudo mesmo. Ana Pratas: Nesta panóplia tu ofereces e que a tua equipa oferece existe assim algo especial que tu gostes mais de trabalhar, algum tipo de serviço que te gostes mais da Eu gosto de digitalização mas

Ana Pratas:

também

Ana Marta:

tecnicamente. Mas organização e na organização há o contar de histórias mais do digitalização e isto acho sempre piada

Ana Pratas:

Sim, ok ou seja, pegar na organização e tentar dali

Ana Marta:

gosto de tudo e

Ana Pratas:

sim Aliás, que faz sentido, porque os fotolivros é isso mesmo, não é? É mesmo pegar naquele espólio todo e conseguir selecionar e depois também contar História, história da família ou da pessoa ou do evento ou do que for. E assim, alguma tarefa, alguma coisa que tu não gostes tanto, alguma coisa que esteja...

Ana Marta:

É... Quando estou a organizar fotografias digitais e remotamente, que também fazemos isso, eu entro na cloud do cliente, com autorização, obviamente, e há ali um processo de... Tenho que baixar as imagens todas da cloud e isso demora um bocado de tempo obviamente que não cobro esse tempo mas é um bocado chato, demora algum tempo

Ana Pratas:

Sim, e acredito que tu, estando na Ilha da Madeira, se calhar estás mais refém dessa maneira de trabalhar. Eu aqui tento... Tento ao máximo, dentro do possível fazer essa parte da recolha pessoalmente ir mesmo ter com o cliente e tentar copiar os ficheiros todos para o disco e tentar fazer isso localmente, mas quando tem que ser assim também temos que estar temos que nos submeter às vezes a essa espera e realmente pode demorar vários dias até fazer o upload de toda a biblioteca e o download, e respectivo download

Ana Marta:

É, se o cliente for local é um bocado misto, não é? Porque trago trago os discos e as pens e

Ana Pratas:

Pois, exatamente

Ana Marta:

na mesma abaixo, a partir da cloud, baixo em casa

Ana Pratas:

Seja o Google Photos, se tiver o Google Photos ou se usar o iCloud. Sim, sim, tem que ser, também faço isso em casa Sim, sim, sim

Ana Marta:

E também já aconteceu de me mandarem os discos e as pens

Ana Pratas:

Por correio, não é? Mandarem fisicamente

Ana Marta:

Isto, hoje em dia, estamos no século XXI não é por estar na Ilha da Madeira ou num outro sítio que não a trabalhar e ajudar as pessoas

Ana Pratas:

E também cada cliente ou cada projeto acaba por ser, às vezes, único em termos de como... Ou seja, vezes sentes isso, que existe um workflow base, digamos, mas todos têm características diferentes,

Ana Marta:

que o que

Ana Pratas:

se tem uma pessoa tem que se adaptar e também é importante saber adaptar-nos a isso. Também acho que é uma coisa importante de um Photo Manager, de um organizador de fotografias ter, não é? Não estar fixado a um único e saber que a coisa pode ser bastante diferente de cliente para cliente.

Ana Marta:

Sim, e às vezes até quando estava a começar, porque... A Fotoarquivista nasce antes. Estou a trabalhar nisto há algum tempo. Mas é lançada aqui através de um programa de empreendedorismo que é a Startup Madeira, o programa Start Now, e muitas das questões que o Júri me põe era esta questão de mas vais entrar na cloud de uma pessoa e a privacidade. Mas não tenho... Eles me tinham mais perguntas desse género mas nunca tive essas questões com os clientes não conheço e que confiam em mim para fazer isso

Ana Pratas:

isso também está salvaguardado, não é? Com o contrato que tu tens e que eu tenho também está salvaguardado, que a privacidade está salvaguardada. Mas sim, é preciso, neste tipo de serviços, obviamente é preciso nós termos acesso ao iCloud, ao Google Fotos, então quer dizer que têm que nos ceder a password e obviamente depois mudam e... E está ok. Então, por exemplo, para quem quer começar a organizar as suas fotografias, não é? Sejam digitais ou impressas, que não faz ideia para onde é que há de começar, porque o caos é tanto, tens assim alguma dica que possas dar a quem quer a começar.

Ana Marta:

A primeira é recolher tudo no mesmo sítio, não é? Se forem digitais, um disco externo, por exemplo. E também convém salientar que os discos têm um prazo de vida de cerca três anos. Tudo acaba e tudo morre, mas o ideal é ter um disco externo, passar tudo o que tiver em iClouds, e cartões, e

tudo espalhado:

no computador também, nos telemóveis. Passar tudo para um disco e depois a partir daí começar a organizar para o outro disco. Se for emprego, impressas, Também no mesmo sítio ou em cima de uma mesa ou numa caixa. As fotografias podem ser encontradas em álbuns, nas paredes, nas gavetas em

Ana Pratas:

casa de outros familiares também

Ana Marta:

E de amigos, também tenho algumas... Isto a nível das minhas fotografias de família, fotografias dos meus pais, por exemplo, de amigos deles que de vez em quando enviam-me uma fotografia. E recolher tudo no mesmo sítio. E depois, se forem impressas, eu faço uma primeira triagem com... Com os formatos das fotografias. Aí já conseguimos datar mais ou menos a mesma época. E as digitais? Bom, isso aí já é um

Ana Pratas:

cópia de segurança, etc

Ana Marta:

As de segurança, três backups de preferência, em dois formatos diferentes e um deles num lugar físico diferente, em caso incêndios ou em mudanças. E depois dá para organizar cronologicamente ou por temas. As digitais geralmente estão organizadas cronologicamente e as impressas por temas. Convém fazer um misto dos dois, porque quando nos lembramos de uma fotografia não nos lembramos propriamente da data, mas do acontecimento.

Ana Pratas:

evento, sim. Sim, acho que isso também depende do arquivo que se tratar, do projeto que se tratar,

Ana Marta:

Eu também aconselho o Adobe Bridge, que é um software gratuito e que dá para organizar as fotografias e inserir palavras-chave que depois sejam mais à busca.

Ana Pratas:

Sim, o Bridge acho que é uma boa ferramenta, tem se calhar uma curva de aprendizagem um bocadinho mas é relativamente. Mas sendo gratuito acho que é uma ferramenta bastante poderosa, acho que sim

Ana Marta:

acho que para quem não entende muito, o bridge é mais mais fácil e mais intuitivo do que propriamente o Lightroom ou

Ana Pratas:

Sim, sim, sem dúvida. O Lightroom já é uma ferramenta mais avançada, mais para fotógrafos mesmo

Ana Marta:

Mas tenho-lhe outra coisa, que é nós somos a geração que mais fotografa, não é? E mais perdemos fotografias, as pessoas não

Ana Pratas:

Que mais fotografa, e que mais perde fotografias, é verdade

Ana Marta:

E e bom e há muitas fotografias que não são fotografias não fotografias: os print screens. Eu, por exemplo, sempre que entro num parque de estacionamento fotografo onde é que está o meu carro já não quero ficar neurónios com isso. E memes e sei lá, ideias do Pinterest aquilo é uma misturada. Então, aconselho, naqueles 5 minutos principalmente para os pais que tem aqueles só tem aqueles 5, 10 minutos na casa de banho. Então aproveitem estes 5 minutos enquanto lá estão para apagar fotografias e apagá-las de agora para trás, se ao contrário parece O trabalho parece muito maior. Apagar fotografias. Não é preciso 50 fotografias da mesma coisa, basta uma ou duas, e escolher as fotografias favoritas para que depois, no fim do ano seja mais fácil fazer um fotolivro ou impressões ,seja lá o que for

Ana Pratas:

Concordo totalmente essa questão de realmente pegar no telefone e ir limpando a biblioteca de vez em quando, é essencial. Porque depois não se consegue usufruir das fotografias, estão ali no meio do caos nem sequer conseguimos ter prazer em explorar

Ana Marta:

É, e quando alguém me tenta mostrar uma fotografia, é pá, peraí, peraí, não é aquilo... Mas vá, no telefone pelo menos dá para escolher as favoritas e dá para apagar fotografias.

Ana Pratas:

Sim

Ana Marta:

Há outra questão, que as pessoas pensam que as redes sociais são backups, não são. Há uns tempos atrás o Facebook, de vez em quando o Facebook e o Instagram vão à vida. E, para além disso, perdemos qualidade nas imagens, quando passamos para o Facebook, por exemplo, ou o Instagram.

Ana Pratas:

Acho que nem é preciso ir tanto por exemplo o Google Photos que é um serviço de nuvem, não permite que tu tenhas uma cópia no computador. Eu já li histórias Ali, mas estou-me a lembrar agora em particular, de um pai que tem um miúdo doente ou algo assim. Então fotografa as zonas íntimas do miúdo para mandar ao pediatra, e aquilo obviamente vai para o Google Photos. Pronto, o Google Photos com as ferramentas lá de inteligência artificial fez ali um flag, que aquilo podia ser possível pedofilia .Pronto, encerrou a conta, o senhor deixou de ter acesso à conta, não conseguiu descarregar mais as fotografias e não conseguiu recuperar o... Esta é uma história conhecida, quem tiver ouvir, se se quiser ir pesquisar no Google.

Ana Marta:

Pois é.

Ana Pratas:

Não é o único, há vários exemplos deste género de pessoas que ficam sem acesso às contas

Ana Marta:

Estamos na mão de outros, há sempre esse perigo, não é? Os direitos de imagem também, e agora que a inteligência artificial também estão a utilizar as nossas fotografias para treinar a inteligência artificial, convém ter noção destas coisas.

Ana Pratas:

Apesar de não quer dizer, apesar de dizerem que não usam, mas eu não acredito

Ana Marta:

É Google, não é? Nunca se sabe. E outra questão também que não pensamos que é geralmente não partilhamos a password da nossa cloud com ninguém, não é? E E todos nós vamos morrer, lamento informar. Nestas coisas, então, se não partilharmos essa password com ninguém quando morremos as fotografias também morrem connosco

Ana Pratas:

Pois não há maneira de aceder a elas se não tiveram

Ana Marta:

Exato. E já se fala muito na digital dark age. Como é que é isto como é que somos a geração que mais fotografa e daqui a uns anos arriscamos a não ter imagens e não

Ana Pratas:

Não sobra nada da nossa passagem por aqui.

Ana Marta:

E também já várias pessoas me vieram contar que têm filhos e não fizeram os backups e que não há registros dos miúdos quando eram bebês e isso é um bocado triste

Ana Pratas:

Por isso isso que acho que o nosso trabalho também é importante e que tem futuro, acho eu. Acho que vejo isto a crescer também,, e as pessoas a terem cada vez mais consciência disso.

Ana Marta:

Eu já não me lembro o número mas é assustador o número de

Ana Pratas:

Aquilo que eu sinto é mesmo as pessoas que querem, algumas pessoas que querem ter essa salvaguarda salvaguardar essas fotografias muitas vezes não sabem como é que vão fazer isso Os processos também são tão complicados quer de aceder às, quer de recuperação de Google Fotos quer de recuperação também do iCloud às vezes são processos que não são fáceis. Não são feitos para que as pessoas consigam retirar do ar os segredos facilmente nem sabem bem como é que é onde fazer então também é preciso as pessoas estarem informadas sobre isso

Ana Marta:

Muitas vezes até as pessoas mais velhas não sabem passar as fotografias do telefone para o computador

Ana Pratas:

exatamente

Ana Marta:

passa por aí

Ana Pratas:

exatamente

Ana Marta:

mas Mas é isso. O ideal é ter dois discos, três discos. Dar um disco a um familiar qualquer, de vez em quando. E

Ana Pratas:

Até acho que podem usar a cloud sim. Mas não é as fotografias não viverem apenas lá

Ana Marta:

Sim,

Ana Pratas:

Temos de estar sempre na posse delas, digamos. Tem de estar sempre caso aconteça alguma coisa, ok, elas são sempre salvaguardadas na nossa posse. Então pegando um bocado nesta

Ana Marta:

Também fotografias, que já não se imprime fotografias

Ana Pratas:

E estou pegando então nesta questão, não é? de percebermos que realmente isto é necessário este serviço e.Este tipo de informação também. Para quem gostaria até de começar a trabalhar nesta área, começar a organizar fotografias até para outros, tens assim algum conselho que dicas é que tu podes dar, que conselho é que podes dar?

Ana Marta:

Acho que o melhor é se inscreverem na Photo Managers e fazerem a certificação, acho que a associação dá imensa informação e o facto de estares em contato com outras pessoas que já estão no mercado e já sabem, já passaram por aqui, é...

Ana Pratas:

Foi assim que nós começámos, não é, também. Por acaso, inscrevemos as duas nos Photo Managers e foi aí que houve a ligação entre nós as duas e eu também concordo, acho que é um grande recurso, uma grande... tem muitos cursos, muitos webinars, tem imensa coisa para aprender, sim, sem

Ana Marta:

acho que também aconteceu o mesmo que quando estamos overloaded com informação, depois ficamos

um bocado inseguras de:

mas é por aqui, não é por aqui. Mas já na certificação tens que ter um caso prático

Ana Pratas:

Sim, sim, para ser certificada tens de ter já um cliente pago, tens de dar provas disso, eles próprios depois também contactam esse cliente para saber como é que as coisas foram, depois há uma entrevista, e há um curso no meio também com testes, ou seja, há ali uma data de passos e eu acho que até está bastante bem feito esse processo.

Ana Marta:

Mas eu acho que só o facto de ter pessoas que já... Já estão a trabalhar nesta área e são todas acessíveis. Isto é bocado na fotografia em geral, a malta é toda acessível e tiram as dúvidas e dão a informação partilham.

Ana Pratas:

Concordo plenamente. Também existe um grande sentido de comunidade e de crescimento e de pouca... Pouco de concorrência. Não existe muito isso. Muito de colaboração. Também concordo plenamente

Ana Marta:

Podemos dizer que nós temos uma missão, no fundo, que salvar as fotografias das pessoas e das famílias, e há fotografias para toda a gente, isto nós que fotografar imenso, então acho que há trabalho para toda a gente.

Ana Pratas:

Sem dúvida

Ana Marta:

E daí também acho que este podcast é importante porque é uma boa forma de chegar às pessoas e esta coisa da organização é uma coisa nova. Principalmente em Portugal é uma coisa nova

Ana Pratas:

Assim, essa é a minha intenção é mesmo chegar a mais pessoas e que mais pessoas também aprendam sobre isto e que que tenham consciência da importância disto de terem as fotografias...

Ana Marta:

Eu sou um caso. Já perdi imensas fotografias de várias maneiras. Então agora faço todos os backups, e como sou Organizadora de fotografias, tenho que o fazer. Mas Quer dizer, já perdi o disco externo, já perdi o telemóvel, humidades em fotografias impressas, partilhas depois de mortes, divórcios também quer dizer, há várias formas de perder fotografias então é

Ana Pratas:

Sim, então se alguém quiser, estiver interessado em começar uma carreira nesta área, vai haver com certeza bastante trabalho para fazer.

Ana Marta:

Ou se quiser falar com a fotoarquivista também

Ana Pratas:

exatamente Também é uma grande equipe de colaboração, por isso

Ana Marta:

Eu acho que é isso. Que é a partir de onde. Não vejo a coisa como concorrência mas pelo contrário, acho que podemos todos nos ajudar uns aos outros Eu ainda não consegui trabalhar contigo diretamente mas, por exemplo, a Renata já fiz... há algum tempo. Mas já fiz trabalhos por exemplo: eu estar a digitalizar e a Renata a editar, a Joana também no continente, o Luca em Lisboa então há trabalho para

Ana Pratas:

Exatamente, há trabalho para todos. Olha Ana, Ana Marta, muito obrigada por ele... Por teres aceitado então vir aqui, acho que foi uma conversa muito boa e acho que as pessoas vão gostar. E pronto acho que terminamos aqui de uma maneira ótima, não sei se queres acrescentar alguma coisa

Ana Marta:

Não, só quero agradecer e boa sorte aqui com o podcast e com o teu trabalho

Ana Pratas:

Obrigada, obrigada mais uma vez e até uma próxima E foi assim a primeira conversa, este primeiro episódio com uma convidada. Eu espero que tenha gostado. Lembro que nas notas do episódio pode encontrar os links para o site e as respectivas redes sociais do trabalho da Ana Marta, do Fotoarquivista. Para não perder nenhum episódio, subscreva então o podcast na sua plataforma de eleição, seja o Apple Podcasts, o Spotify ou outra. E não deixe também de partilhar este episódio com amigos que gostem destes temas de organização e preservação de fotografias, porque tenho a certeza que vão gostar de ouvir. Boas fotografias e encontramos-nos no próximo episódio.

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